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MINHAS BANDEIRAS

 

Comecei a usar bandeiras no meu trabalho como uma libertação do chassi e da pintura tradicional. Assim como os cut-outs de Matisse, essas bandeiras são recortes de tecidos, é um “pintar com tesouras”. Um processo que busca formas simples quase infantis de sobreposição de recortes para esculpir a cor sobre tecidos.

 

As bandeiras são leves porque não tem um esqueleto assim como o espírito que se liberta do corpo. Dizem que as bandeiras originalmente eram usadas em guerras durante a idade média, e serviam para identificar grupos rivais.

Tradicionalmente, são utilizadas para demarcação de território, ou representam um grupo de pessoas, países ou estados. Elas geralmente separam indivíduos por regiões, crenças, etnias e religiões. Minhas bandeiras buscam ao contrário, romper muros e acabar com as fronteiras, elevando sua simbologia para a exaltação do fazer artístico e a transcendência em busca do que nos une. 

 

Assim, por buscar ser leve em tempos difíceis, comecei a criar bandeiras que dançam com o vento e descansam na ausência dele. Minhas bandeiras buscam a inocência para redesenhar o mundo através da arte e da imaginação, não como uma fuga da realidade que nos massacra com todas as injustiças, mas sim, acreditando que a arte liberta e pode apontar caminhos de mudança pelo simples exercício da criatividade.

 

Antonio Bokel

artista visual

Ao longo das duas últimas décadas, tem apresentado seu trabalho no Brasil e no exterior. Possui obras no acervo do MAR (Museu de arte do Rio), no MAM (Museu de arte moderna do Rio de Janeiro) e Coleção Gilberto Chateaubriand. Indicado ao Prêmio Pipa em 2015 e 2019. Entre suas principais exposições individuais estão “Paraíso Perdido” no Espaço Cultural Correios de Niterói, 2021; “Pinta Plattaforms Project”, Miami, EUA, 2019; “Espaço entre as coisas” na Galeria Mercedes Viegas, Rio de Janeiro, 2019.

 

Rio de Janeiro

nov.2021