REFUGEES
Os refugiados são pessoas que estão fora de seu país de origem por perseguições relacionadas a questões de religião, nacionalidade, por pertencer a um determinado grupo étnico ou por simplesmente ter uma opinião política contrária ao regime no poder. Vemos um quadro global marcado pelas violações generalizadas dos direitos humanos, pelos conflitos armados e êxodos por causa das mudanças climáticas, numa infinidade de injustiças que fazem com que famílias inteiras sejam obrigadas a deixar suas casas, sua terra, seus territórios.
Nas pinturas da série “Refugees”, do artista visual Osvaldo Carvalho vemos os personagens desenhados numa escala muito pequena, amontoados, sem rostos, sem corpos e diante da imensidão do mar. Uma imagem absolutamente triste, porém bela, e que nos perturba pelo contraste da calmaria das águas.
O artista do nosso tempo, faz suspender, borrar o que seria o domínio da arte e o domínio da política.
“Everything is Art. Everything is Politics”, como nos diz “ Ai Weiwei” em sua exposição “Raiz”. O artista e sua criação entendem a transformação ativa do mundo, como ação micro-política com grande capacidade de nos engajar e criar laços sociais.
Nessas leituras, com suas elaborações sobre a realidade, é que percebemos o quão transformador é o papel da arte e como ela nos provoca a olhar o mundo, esses outros mundos, e talvez seja, a partir daí a possibilidade ativa de uma guinada para uma postura ética, e política, num sentido mais amplo.
É nessa relação de busca poética que arte e vida se mesclam, onde a arte deixa de ser somente “arte” e embarca e se consome na radicalidade da vida. Artistas são fazedores, criadores de mundos, e os refugiados são pessoas/grupos que estão em busca de um outro mundo.
Re-imaginar o mundo, importa quais histórias fazem mundos, e quais mundos fazem histórias, falou a filósofa e bióloga norte-americana Donna Haraway.
Urge imaginar, re-imaginar outros mundos ou mundos outros.
Esse aqui decerto, não quero mais!
Rio de janeiro
agosto 2021