território livre  |  desde 2020

 

DIRETAMENTE DA ENFERMARIA 5 DO MANICÔMIO MUNICIPAL DE BARURA, NO AMAPÁ,

A POETA ALICE BARREIRA TIRA A CAMISA DE FORÇA E NOS MANDA SEU...

 

SONETO HIPOCONDRÍACO

 

allegra afrin cewin ascaridil

cataflan riopan sinvastatina

caltrate pinavério soapelle

higroton hidrocin metiformina

 

bisolvon hipoglós dermotivin

minâncora malvona rocaltrol

airclin nebacetin polaramine

novacort gelol cetocozol

 

vaporub plasil moduretic

fenoterol panotil buscopan

tylenol cloridrato lexotan

 

feldene diprosone zyloric

clobetasol bromoprida plasil

bepantol flixonase floratil

 

Leia duas vezes ao dia, após as refeições. Caso não desapareçam os sintomas, consulte seu médico.

 

Alice Barreira nasceu em Barura, no Amapá, em 1968. Trabalha como enfermeira no Manicômio Municipal de Barura, publicou por conta própria Pequena Enciclopédia de Inutilidades (contos, 1997) e já manteve os blogs “coralsemvozes” e “vivernavespera”. Como fotógrafa, participou da Quarta Bienal Internacional de Fotografia, com a exposição “A Fé Não Costuma”, em Lisboa, 2003. Participou do livro Dedo de Moça – uma antologia das escritoras suicidas, publicado pela Editora Terracota em 2009. Em 2020 ia lançar o livro de poemas Terras que Inventei, pela Editora Abaporu, mas agora está esperando o fim da pandemia ou o fim do mundo, o que vier primeiro.

 

Alice Barreira

Poeta

Amapá

 

setembro 2020