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 ESCUTAR A ESCRITA

 

 Um modo de adentrar a existência de um ser que nunca existiu


 

SLAM RESISTÊNCIA 

Patrícia Meira

 

 

 

DAMARES:

"AS MENINAS VESTEM ROSA DE HIROSHIMA"

Gil Rodrigues

 

 

 

 

Cidade do Pés Juntos

Gil Rodrigues

 

o fascismo alucinado a doença escancarada o delírio monstruoso

a violência pútrida não verás terra alguma como essa 

 

 

 

 

 

A Varanda do Frangipani

Mia Couto

 

 

No início da pandemia, um mamífero chamado pangolim, mistura de tatu com tamunduá, foi apontado como possível transmissor do covid 19, espalhando a morte pelo mundo. No primeiro capitulo do romance A Varanda do Frangipani, de Mia Couto, o pangolim é um ser que transita entre mundo dos vivos e do mortos. É esse animalizinho que socorre um falecido carpinteiro enterrado em desacordo com as tradições, oferecendo uma solução para que sua alma sossegue e seu corpo possa ser enterrado conforme suas crenças. Hoje temos uma perversa coincidência junto com uma triste inversão: o pangolim levando milhares a uma morte sem luto, em série, sem cerimônia.  

 

Bartleby, O Escrivão

Herman Melville

 

 

 

 Escrito em 1856, essa pequena novela de Herman Melville abre para uma gama de interpretações e desperta uma profusão de sensações nos leitores que torna muito difícil defini-lo em um só tema: a recusa a uma vida burocrática de obediência cega, a sensação de solidão e a inutilidade de qualquer reação dentro um mundo hostil, a solidão

de quem se recusa a participar de um jogo de relações cruéis provocando a degeneração visível, a morte

em vida de um ser humano que optou pelo auto-isolamento. 
Será que nesse momento, Bartleby não nos leva a pensar que sempre vivemos em quarenta?

 

 

 

 

 

Ana Paula Bouzas

Atriz e diretora

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Rio de Janeiro / Salvador