Nuvens de pré-pensamentos
Preenchem o céu e anunciam
O início do dia.
Minha mãe tricota o vento,
E faz dele belos casacos
Para as noites de inverno.
Meu pai caça,
Nas florestas sem árvores,
Palavras recém nascidas,
Aquelas que buscam uma boca
Para serem pronunciadas.
Meu irmão é um construtor de vazios.
Me presenteou com o mais belo de todos,
Onde pude guardar a minha rara
Coleção de inexistências.
E eu sou o pervertido.
Percorro os descaminhos,
Só para espiar a nudez do Nada.
A paisagem da nossa janela é linda
Porque não é real e nem imaginada,
Mas constitui a intimidade do invisível.
Esse despoema foi escrito em memória a Manoel de Barros, no momento que a sua matéria prima,
o Pantanal, arde em chamas.