ACEITA?
QUEM PERGUNTA É UM PINTOR DE ALMAS
O texto abaixo é de Oscar D'Ambrosio, jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
A série “Aceita, do artista Patrício é um fenômeno de aceitação no sentido de um reconhecimento crítico também de público, pois Moisés já textos exaltaram a sua qualidade e pessoas, via Instagram, têm oportunidade de acompanhar diariamente a postagem de um novo trabalho, sempre uma foto da mão aberta do artista nos mais diversos contextos.
Por que essa jornada visual funciona? Talvez porque num universo individualista como o contemporâneo o fato der ver a mão oferecendo algo funciona quase como dádiva. Ela é proposta em diversas situações, junto a objetos e apresentada ou não de textos, mas sempre obtém seu melhor resultado visual quando o artista relaciona com a cor.
Isso talvez talvez porque Moisés Patrício é essencialmente um pintor, não só de papéis, de almas. E isso se manifesta pelo entendimento da arte como um relacionar-se ilimitado com o mundo. Com esse pensamento na cabeça, a mão, em cada nova fotografia, é um ato de doação do artista.
Cada interpretação que Moisés Patrício realiza é a de um artista que ama estar em comunidade. Nesse sentido, ao perguntar “Aceita?”, pergunte sobre a nossa capacidade de estar aberto a tudo, gostemos ou não. Com essa postura filosófica e existencial, cada trabalho é muito mais do que uma mão aberta. É uma alma aberta a corações.
Entre as exposições das quais participou destacam-se Bienal de Dakar no Museum Of African Arts (Senegal, 2016), “A Nova Mão Afro Brasileira” no Museu Afro Brasil (São Paulo, SP, 2014) e “Papel de Seda” no Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos – IPN Museu Memorial (Rio de Janeiro, RJ, 2014). Desde 2006, realiza ações coletivas em espaços culturais na cidade de São Paulo, SP. Na última década, Patrício tornou-se conhecido por encenar exposições grandes e complexas que exploram os mecanismos profundamente enraizados de construção de identidade para indivíduos e sociedades. Endereçando as contradições inerentes à criação de imagens e narrativas – das mídias sociais e auto apresentação ao marketing e formação de história – Patrício se deleita na complexidade e paradoxo de nossa busca simultânea por fantasia e autenticidade. Cruzando múltiplas mídias, de escultura e instalação a mundos de vídeo, pintura e mineração tão diversificados quanto publicidade e arqueologia, os trabalhos de Moisés Patrício são uma reportagem constante sobre as fontes do mundo real de onde se inspiram. No entanto, em vez de simplesmente apresentar comentários, o artista cria um universo único próprio – um que é povoado por novas narrativas desafiadoras e muitas vezes absurdas que são tão intelectualmente rigorosas, pois são emocionalmente estimulantes.
Moisés Patrício
artista visual e arte educador
São Paulo
abril 2022