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ESQUADRÃO SUICIDA

 

Ed 15 R SalomãoMascarado, alta-costura da Balenciaga em Paris.jpeg

O primeiro filme é horroroso, eu vi. O segundo, não vi, dizem que é só ruim. O terceiro está em andamento. É feio, produção barata, figurinos paupérrimos, diálogos toscos, mas com uma virada em cima da outra e assistimos todos os dias.

 

Os dois primeiros são produções milionárias, repletas de estrelas do cinema americano. O último é daqui da terrinha mesmo, mas também custa seus milhões. E o elenco... Bem, não podemos dizer que sejam galãs.

 

É o Esquadrão Suicida. Pra quem não sabe do que se trata. No primeiro, o governo americano forma um esquadrão com os piores vilões do planeta para combater um mal ainda maior, alienígena, que pode acabar com a bagaça toda no universo. Já no segundo...  O governo americano forma um esquadrão com os piores vilões do planeta para combater um mal ainda maior, alienígena, que pode acabar com a bagaça toda no universo.

 

No terceiro, o plot é um pouco menos ambicioso. O inimigo é o próprio governo de um país, comandado por um mal ainda maior, alienígena e tals, que criou em laboratório seu exército. Os bannominons tomam o poder e querem acabar com a bagaça toda, que, convenhamos, já tava uma bagaceira só. 

Eis que, renascidos das cinzas e dos porões da rejeição pública, os até então maiores vilões do nosso planeta se reúnem para combater o lorde do mal, para que eles mesmos voltem a comandar a bagaça. 

 

No primeiro de Hollywood, o que eu vi, tem o cara que nunca erra um tiro – sonho de consumo de uma certa família conhecida nossa; outro que, se ficar nervoso demais, taca fogo nas parada tudo – parece que se mudou pro Pantanal e trabalho não lhe tem faltado; um homem-lagarto – isso, bem antes da vacina contra covid, prova do poder premonitório do cinema; e uma linda e sedutora psicopata – se ao menos nossas psicopatas fossem lindas e sedutoras... Mas aqui é um inverno só.

 

Na versão tupiniquim, o esquadrão formado para combater os bannoniminions e todo seu arsenal militar - soltando alguma fumaça pelo cano de descarga dos tanques, ok, mas cada produção tem os efeitos especiais que merece -, vem encabeçado pela dupla dinâmica Gilmar e Xandão, que nunca erram um tiro de suas supercanetas. Tem também o superlíder de todos os governos que existiram desde a poeira dos tempos, renascido tal qual desenho animado dos anos 90: “antigos espíritos do mal, transformem essa forma decadente em Mum-Rá-lheiros, o de vida eterna ". Das profundezas da floresta - Yes, nós temos homem-jacaré! – veio senhor das ironias de quinta série e comandante supremo do “aqui-não”. Das menos profundas e mais lamacentas águas do Tietê, o príncipe do ancestral povo Faria Limer, Mister Calça Apertada.

 

Correndo por fora, mas não menos relevantes, a senadora da palavra fácil e seu batalhão de jornalistas das escolhas difíceis, sempre atacando corajosamente o inimigo que... 

Esquadrão, alerta! O inimigo é o Palhaço-Assassino, não o Homem-Barba.  Supervilões, foco! Não gastem munição com... 

 

Assim, não dá! Não tem roteiro que fique de pé. 

 

Sei lá, tô achando difícil esse filme ter um final feliz.

Rodrigo Salomão

roteirista

Foto Printerest

 

Rio de Janeiro

nov.2021