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CORONAVÍRUS E A REVOLUÇÃO

 

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Já se sabe que o Corona vírus (Covid 19) está provocando mudanças significativas no cotidiano das sociedades. Isso repercute para além das clássicas divisões que já conhecemos. Ocidente x Oriente, Democracias X regimes “autoritários”, a lista é grande! A pandemia coloca a humanidade diante de vários dilemas e tem forçado os raciocínios a irem além dos clássicos maniqueísmos como bem x mal, capitalismo x comunismo.

Claro que isso não pode ser visto a olho nu. Aparentemente o que se vê é um regresso as trevas e a comportamentos que achávamos há muito superados, como o negacionismo e a articulação dos que pregam o terraplanismo sem nenhuma outra base além do “eu penso isso e pronto”! Só que isso não pode ser visto apenas como catástrofe e retrocedência no tempo.

 

Em todos os momentos de crise da humanidade houve situações de negacionismo, algumas ainda maiores dessa que vivemos na contemporaneidade. Imaginem o que foi o período da guerra da igreja católica contra os hereges (conhecida como Inquisição), indo mais longe … a civilização cro-magnon teria cedido pacifica e ordeiramente a supremacia ao sapiens? Supremacia entendida aqui como a espécie que se colocou na liderança da “condução da humanidade”.

Então não vivemos um momento novo, não vivemos uma crise inédita e única. Ao contrário, outras epidemias como a peste negra e a gripe espanhola deixam claro que muitos dos dilemas (usar ou não usar máscaras) já foram vividos pela humanidade. Claro que isso não impede que pessoas repitam, com convicção, os mesmos argumentos e comportamentos dos que foram desmentidos pelos fatos em determinados momentos históricos.

 

Marx escreveu no livro 18 brumário que a História se repete a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa. Escrito no final do século  XIX essa avaliação pode ser utilizada hoje, não para “lacrar” mas para entender um pouco mais a crise civilizatória que vivemos.   Byung-Chul Han é um filósofo e ensaísta sul-coreano, autor, entre outras obras, de ‘Sociedade do Cansaço’, para ele o grande mal é a “apatia a realidade”.

 

Byung- Chul Han defende que o vírus não trouxe e não trará mudanças, ele apenas acentua e sublinha questões que nós não queríamos focar. Uma delas é o big data, só que isso já é comentado a exaustão, quase nunca com foco humano, mas tão somente com a ideia de “salvar o capitalismo”, ao invés da humanidade.

 

O filósofo sul-coreano, há anos vivendo e lecionando na Alemanha, é uma voz a ser ouvida nesse momento em que o conhecimento luta contra comportamentos que só poderão nos levar a uma sociedade controladora. Sociedade essa que se justificaria pela necessidade de “vencer” o vírus e “garantir a vida” através de rígidos padrões baseados na mais pura crença da solução única, como o usop das tecnologias para vigiar e punir.

 

Por enquanto temos muitos pensadores divergindo e um centro de interesses cada vez mais articulado. Ao invés do “grande irmão” orweliano poderemos, em breve, ter um Estado “grande padrasto”. Pensar, refletir e trabalhar com cenários futuros variados ainda é a melhor saída. Veremos se conseguiremos nos conectar com processos menos excludentes e que mirem um futuro com menos destruição e mais solidariedade.

Toni André Scharlau Vieira

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Curitiba

 

 

Foto Printerest

nov 2020