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VONTADE INSURGENTE DE IR PARA CUBA

 

 

 

 

Sou jornalista e artista plástico, pioneiro em Samambaia/DF. Só sei de Cuba pelo que me vem pela internet, livros, filmes e a imaginação. Sempre tive vontade de conhecer aquela ilha, ‘tapete de pedras no mar’. Sua história, geografia, estatística e estética causam em mim satisfação irremissível! Como pode aquela nação, tão cerceada, resistir e evoluir surpreendentemente em seus Índices de Desenvolvimento Humano?!

Esta vontade insurgiu em mim de uns anos pra cá, quando passei a ouvir o orquestrado ‘hit’: ‘vai pra Cuba’! ‘Vai pra Cuba’! Sonho comigo andando pelas ruas de Havana e Santiago, com seus espaços antes usados por indústrias e cassinos, hoje revitalizados pelo ambicioso projeto cultural e turístico Fábrica de Arte Cubana (FAC). Tudo a ver com nossa luta artística local, pela implantação do Complexo Cultural Samambaia!

Contudo, Samambaia/DF surgiu em 1989. Já Cuba, com 11 milhões de habitantes, foi ‘descoberta’ por Cristóvão Colombo em 1492, e anexada ao Reino de Espanha até a Guerra Hispano-Americana, finda em 1898. Daí se tornou um país ‘independente’, dominado pelo ‘império americano’ até o fim dos anos 60, quando Fidel Castro, Che Guevara e uma galera desceram a ‘Sierra Maestra’, pondo Fulgêncio Batista pra correr.

Sei disso porque pesquiso na ‘Wikipédia’, mas não só! Nos anos 80, quando eu morava em Porto Alegre/RS, onde fazíamos a revista Cobra, tive o prazer de ler o livro ‘Três tristes tigres’, do autor cubano Guillermo Cabrera Infante, crítico do ‘comunismo’ na ilha. O livro é ‘uma viagem à capital cubana pré-revolucionária, um instigante passeio pelas ruas do bairro boêmio Las Rampas, com seus bares, cabarés e casas de shows’.

Em 2013 Cuba veio a Samambaia, pelo programa ‘Mais Médicos’. Gisel Hechavarria, Yaresney Rodriguez, Húber Matos e Hector Bayoll nos ensinaram muito sobre saúde básica, preventiva, solidária, abrangente da sociedade como um todo. Compatível com o Sistema Único de Saúde. Mas, em 2019 foram repatriados pela ‘Politic Ignorantia’. Hoje estão em mais de 30 países, solidári@s, enfrentando a guerra ao corona vírus.

Em 2016 outra vez me encontrei com Cuba, pela peça teatral-poética-musical 'Cubanía, un corazón revolucionário', dirigida por meu amigo Túllio Guimarães, apresentada no Teatro dos Bancári@s de Brasília. Baseado nos textos do também escritor cubano Nicolás Guillén, a peça me encantou pela dança, sensualidade e a música de Cubanía, orquestra lá da ilha, que interpretou músicas clássicas de lá.

Como disse, moro em Samambaia/DF, desde antes da sua criação, a 25/10/1989. Quase não saio da minha cidade, onde me dedico integralmente à arte e comunicação. Não tenho a mínima vontade de ir a Miami, enorme ‘shopping center’ a céu aberto, nem a Disneylândia, onde me sentiria um pateta. Mas, ultimamente, estou sendo ‘abduzido’ por essa vontade insurgente de ir pra Cuba, trocar arte por arte e ser feliz!

 

 

 

Élton Skartazini

Jornalista e Artista Plástico

Samambaia-DF

 

maio 2020