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DIÁRIO DE QUARENTENA

 

Dia 22 de março. Nas redes sociais, uma amiga relata angústia e falta de concentração. Para animá-la, o grupo propõe uma troca de desenhos na sua timeline. Minha cabeça também é um torvelinho de medo e ansiedade. Fora de casa e do atelier, cumpro a quarentena no apartamento de minha mãe. Aqui, não há cadernos, lápis, tintas ou qualquer material artístico. Um pouco abatida, levei dois dias para enviar-lhe o meu primeiro desenho feito com caneta esferográfica. Na palma da mão, desenhei a torneira que todos os dias me fita enquanto aguarda o ritual da lavagem. A partir de então, dei início a este diário que nada retém. Desenhos de copos, maçanetas de porta, vasos de planta. Em breve, todos desaparecerão. E a mão, na sua tripla contradição, é o suporte possível de morte, vida e ação.

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Yoko Nishio

É artista visual, professora adjunta da Escola de Belas Artes da UFRJ e pesquisadora; doutora e mestre em Artes Visuais pela EBA/UFRJ. Atualmente é pesquisadora do NuVisu - Núcleo de Estudos Visuais em Periferias Urbanas, 

 

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abril 2022